A Morte Programada: EA Mata Need for Speed Rivals e Oferece “Desconto Generoso”

EA desliga servidores de Need for Speed Rivals em outubro e oferece desconto de 65% em um jogo já condenado.

Por Diego Barbosa
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Existe uma crueldade particular quando uma empresa mata um produto que você comprou e ainda tem a audácia de oferecer um “desconto generoso” para que você compre o mesmo produto condenado. A Electronic Arts anunciou que os servidores de Need for Speed: Rivals serão desligados em 7 de outubro de 2025, encerrando todas as funcionalidades online de um jogo que custou R$ 200 no lançamento.

O Jogo que Prometia Eternidade

Need for Speed: Rivals chegou em novembro de 2013 como o grande marco da franquia na oitava geração de consoles. Desenvolvido pela Ghost Games em colaboração com a Criterion, o jogo prometia uma experiência revolucionária com o sistema AllDrive, que integrava perfeitamente modos single e multiplayer.

Na época, ninguém avisou aos compradores que estavam adquirindo um produto com data de validade. Não havia um aviso na caixa dizendo “Este jogo funcionará apenas por 12 anos”. Os consumidores pagaram preço cheio por um produto que a EA sempre soube que mataria.

A Generosidade Cínica da EA

Como se não bastasse matar o jogo, a EA teve a “generosidade” de colocar Need for Speed: Rivals com 65% de desconto no Steam. A Edição Completa pode ser adquirida por R$ 20,65. É como um açougueiro oferecendo desconto na carne que está prestes a estragar.

A mensagem é clara: “Comprem rápido para jogar algumas semanas antes de matarmos definitivamente!” É uma estratégia tão cínica que chega a ser impressionante. Quantas pessoas vão cair nessa armadilha e comprar um jogo sabendo que ele morrerá em poucos meses?

O Padrão da Obsolescência Programada

O desligamento dos servidores de Rivals faz parte de um padrão mais amplo da EA. A empresa também está desativando os servidores de NHL 21, continuando sua tradição de matar jogos sistematicamente.

Não é coincidência. É estratégia. Matar jogos antigos força os consumidores a migrar para títulos mais novos, onde a EA pode implementar suas monetizações predatórias mais recentes. É o ciclo perfeito: vender, matar, revender.

A Fragilidade do Digital

Rivals exemplifica perfeitamente a fragilidade da era digital. Quando você comprava um cartucho de Super Nintendo, ele funcionava décadas depois. Quando você compra um jogo moderno, está na verdade alugando uma licença que pode ser revogada a qualquer momento.

O sistema AllDrive, que era o grande diferencial do jogo, será completamente inutilizado. Imagine comprar um carro e descobrir que o fabricante pode remotamente desligar o motor quando quiser. É exatamente isso que acontece com jogos como Rivals.

O Hiato Conveniente da Franquia

Desde Need for Speed: Unbound em 2022, a franquia está em hiato. A Criterion Games, responsável pela série, foi redirecionada para desenvolver o próximo Battlefield. Coincidência? Dificilmente.

É mais fácil matar jogos antigos quando não há competição interna. Se houvesse um novo Need for Speed chegando, seria mais difícil justificar o desligamento de Rivals. Mas com a franquia em pausa, a EA pode matar o passado sem se preocupar com o futuro.

A Resistência do Stop Killing Games

O movimento Stop Killing Games, que já ultrapassou 1 milhão de assinaturas, existe exatamente por causa de práticas como essa. Quando a EA mata The Crew, Rivals ou qualquer outro jogo, está roubando algo que os consumidores pagaram para possuir.

A diferença é que agora existe resistência organizada. Os gamers não estão mais aceitando passivamente que suas compras sejam tratadas como empréstimos temporários.

O Futuro dos Jogos Mortos

Para os fãs de Rivals, resta apenas o modo offline – se é que funcionará adequadamente sem a infraestrutura online. Muitos jogos modernos são tão dependentes de servidores que se tornam praticamente injogáveis quando desconectados.

É o futuro que a EA quer: jogos que morrem quando ela decide, forçando consumidores a comprar constantemente novos produtos. Um modelo de negócio baseado na obsolescência programada digital.

Para este velho gamer, fica a lição: na era digital, não compramos jogos – alugamos experiências temporárias que podem ser canceladas a qualquer momento. E a EA, em sua infinita generosidade, ainda oferece desconto para assistirmos ao funeral.

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