Ah, a Sony. A gigante japonesa que nos deu o PlayStation, o console que revolucionou o mundo dos games e marcou a infância e adolescência de muitos de nós. Lembro-me dos tempos em que cada lançamento de um novo PlayStation era um evento, uma promessa de inovação e diversão sem limites. Mas hoje, meus amigos, a notícia que me chega é sobre lucros, e não sobre jogos. A Sony elevou suas previsões de lucro anual, citando o “forte desempenho” de sua divisão de games. E, como um velho lobo dos games, não consigo deixar de sentir um gosto amargo na boca.
Um artigo da France 24 detalha essa euforia financeira. A Sony espera que seus ganhos anuais sejam impulsionados pelo setor de jogos, com o “engajamento do usuário” continuando em “forte ritmo”. Usuários ativos mensais em junho e horas totais de jogo nos consoles PlayStation no trimestre de abril a junho aumentaram seis por cento ano a ano. Tudo lindo no papel, não é? As ações subiram mais de seis por cento em Tóquio após o anúncio. Mas e a alma do negócio? Onde fica a paixão, a criatividade, a inovação que nos fez amar essa indústria?
Essa busca incessante por lucros, por números cada vez maiores, tem um custo. E quem paga esse custo, muitas vezes, somos nós, os jogadores. Vemos jogos sendo lançados incompletos, cheios de bugs, com monetização predatória e DLCs que deveriam ser parte do jogo base. Vemos estúdios sendo fechados, desenvolvedores sendo demitidos, tudo em nome da “otimização” e do “retorno para os acionistas”. A indústria se tornou uma máquina de fazer dinheiro, e a arte, a diversão, a experiência, parecem ter ficado em segundo plano.
Lembro-me de quando a Sony se preocupava em entregar jogos que nos fizessem sonhar, que nos transportassem para outros mundos. Hoje, parece que a preocupação é com o “engajamento do usuário” e com as “horas de jogo”, métricas que, no fim das contas, servem apenas para justificar mais lucros. O PlayStation 5, que foi lançado em 2020, já está entrando em um “estágio final” do ciclo de vida usual de um console, segundo analistas. E a grande aposta para o futuro, “Grand Theft Auto VI”, que será lançado em 2026, é um jogo multiplataforma. Onde está a exclusividade, a identidade que tanto prezávamos?
Para nós, que crescemos com a rivalidade saudável entre as plataformas, com a expectativa de ver qual console traria a próxima grande inovação, essa realidade é desanimadora. A Sony, que um dia foi sinônimo de vanguarda e de jogos que nos faziam vibrar, agora parece estar se tornando mais uma engrenagem em um mercado que prioriza o capital acima de tudo. Que os lucros da Sony sejam altos, mas que não se esqueçam que, por trás dos números, existem milhões de jogadores que ainda sonham com uma indústria que valorize a paixão, e não apenas o dinheiro.
FONTES:
France 24, acessado em 07/08/2025